quinta-feira, 5 de abril de 2007

Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela.

Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.


Alberto Caeiro

4 comentários:

White Box disse...

É estranho isto vir de Caeiro... tem mt mais pinta de Reis... humm!

3lims disse...

Pois isso não sei, mas de onde ei tirei é Caeiro...

Ghost disse...

Bonito, sim senhor...
Um bocadinho... não sei bem... lamechas?
Hummmmm! Tamos a ficar sentimentais ou foi só um episódio isolado?
Mas é realmente bonito!

3lims disse...

Ya, é um bocado lamechas. Isto nem parece meu, mas de kalker maneira gosto muito deste poema.